quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A trocadora

É a segunda vez que pego o ônibus com a mesma trocadora falante. Engraçado, ela não em irrita tanto. Acho que é porque ela não fala gritando e não fala "errado", então dá pra aguentar. Ela sempre fala da filha, parece ter muito orgulho da menina pelas histórias que conta dela. 
No primeiro dia em que a escutei falar sobre a filha, ela tava contando a  história de como a menina tinha se livrado do centro de umbanda que frequentava. A trocadora dizia que a tal centro comia o dinheiro da filha e o dela porque queria que elas sempre fizessem contribuições pra instituição. Chegavam a ligar pra casa delas pra cobrar dinheiro. A menina já não dormia direito, não se alimentava bem e de vez em quando era pega chorando pela mãe, que ficava cada vez mais nervosa com tudo isso. Até que um dia, a menina decidiu prar de frequentar o centro mesmo com  as ameaças do tal pai de santo do lugar. Enfim, ela conseguiu se desvencilhar do homem e tudo começou a dar certo pra ela. Conseguiu um emprego logo depois. No emprego, conheceu um cara, que mais tarde se tornou seu marido. O cara, segundo a trocadora, é gente fina mas a levou pra conhecer  a sua igreja evangélica. A mãe da menina começou a ficar preocupada de novo já que elas tinham trauma com histórias relacionadas à religião. No fim das contas, o casal namorou durante um ano antes de se casar mas, na verdade, já planejava o casamento com  quatro meses de namoro. Hoje em dia, eles estão casados há quatro anos e estão super bem. O cara é realmente um bom rapaz e a vida da menina começou a andar a partir do momento em que largou a umbanda. Palavras da trocadora/ mãe. 
A segunda história, contada na segunda vez em que a ouvi falar, também era sobre a filha dela mas dessa vez ela falava sobre o primeiro emprego da filha e o quanto a menina queria trabalhar ainda com 15 anos. Segundo a trocadora, a filha queria ter seu próprio dinheirinho e teimou que tinha que trabalhar enquanto estudava. Se inscreveu pra ser uma daquelas meninas que ficam distribuindo panfletos nas ruas mas a mãe se recusou a assinar o contrato [a menina era menor então o responsável tinha que estar ciente do emprego]. Ela disse que não criou uma filha pra ela ficar fazendo esse tipo de trabalho e ainda afirmou que a menina não passava fome e não andava com roupas rasgadas pra tanto. Enfim, aos 16, a menina finalmente começou a trabalhar pra uma ONG por meio período e desde então não parou mais. A trocadora disse ainda que no primeiro dia de emprego, a filha a acordou às 5 da manhã pra dizer que estava indo trabalhar tamanha a vontade dela de ter um emprego. Qual será a próxima história que eu vou escutar?

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